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Dia Mundial de Combate à AIDS: Desinformação e falta de acesso aos serviços de saúde fazem das mulheres negras as principais vítimas fatais

O 1º de Dezembro é marcado como o Dia Mundial de Combate à AIDS. A data representa uma campanha global criada para apoiar as lutas em torno da prevenção e tratamento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV- AIDS), bem como, a difusão de informações sobre o vírus, e o combate aos preconceitos contra pessoas que vivem com o HIV. 

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, do Ministério da Saúde e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), a cada 15 minutos uma pessoa se infecta com o vírus no Brasil. O Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis aponta que a Região Nordeste do país registrou 93.039 casos de Aids, dos quais 63.404 foram diagnosticados em homens e mulheres heterossexuais, 20.139 entre homossexuais e 9.496 em pessoas bissexuais.

Nos dados do último Boletim Epidemiológico de Saúde da População Negra, divulgado em outubro deste ano, observa-se aumento de 12 pontos percentuais na proporção de casos de HIV/AIDS entre pessoas negras entre os anos de 2011 (50,3%) e 2021 (62,3%). Os adolescentes negros também são maioria entre os  notificados com AIDS, a proporção de negros é superior a 70%. Em 2020, 61,9% das mortes por HIV/AIDS registradas no país foram entre pessoas negras, sendo este percentual ainda maior entre as mulheres negras (62,9%). 

Os dados expõem um cenário marcado pelo racismo estrutural que cria para as pessoas negras mais barreiras para acessar os serviços de saúde em busca de cuidados para prevenção e tratamento. Vulnerabilidades  socioeconômicas, de gênero e de território culminam no óbito como desfecho determinado pelo acesso limitado ou precário às tecnologias de prevenção e pelo diagnóstico tardio.

São as mulheres negras as que estão entre as pessoas com menor renda do Brasil, menor escolaridade e que estão sujeitas às diversas formas de violência – inclusive do Estado e das instituições de saúde – determinando assim o acesso ao diagnóstico e ao tratamento do HIV que muitas vezes será experimentado através dos estigmas e preconceitos que não alcançam da mesma forma as pessoas brancas.

Mostra-se urgente a necessidade de desenvolver pesquisas e ações sobre o HIV que considerem o cenário da influência do racismo, sexismo e desigualdades regionais, com ênfase para as mulheres negras, tendo em vista que são estas as que mais morrem a exemplo de iniciativas como o Observatório de Justiça Reprodutiva do Nordeste ( https://nospornos.org.br).

Neste 1º de dezembro, diante da campanha das Nações Unidas que tem como tema “o mundo pode acabar com a AIDS, com as comunidades liderando o caminho”, evocamos a urgência da inserção das comunidades e territórios negros como protagonistas no processo de criação e monitoramento de políticas públicas e serviços de saúde, permitindo assim que estes estejam na linha de frente do seu próprio processo de cuidado, evitando a desinformação, a falta de acessos e as mortes evitáveis.

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